Os dois principais sistemas de frenagem em veículos são o freio a disco e o ABS. Ambos funcionam a partir de pastilhas, que se aproximam e travam o disco da roda, impedindo-a de girar e, consequentemente, fazendo o automóvel parar. A diferença entre os dois sistemas está no controle do bombeamento do fluido que coordena as pastilhas.
O freio a disco funciona a partir de um sistema hidráulico, que leva ao travamento completo das rodas. O resultado é que o carro segue "arrastado" pela inércia, até parar totalmente. Já ABS impede o travamento total das rodas (parando e soltando o veículo) - por isso o nome, que na sigla em inglês significa sistema de frenagem anti-travamento.
Instrutor de pilotagem explica que trepidação do pedal é normal e que motorista deve continuar pisando até a parada do veículo
- com ABS, o pedal do freio deve ser pisado até o fim, e é preciso mantê-lo acionado durante todo o percurso da frenagem. A maioria das pessoas tende a "aliviar o pé" no meio do caminho, pois imagina que as rodas vão travar - o que aconteceria com freios comuns -, mas esse risco não existe no ABS
- em pesquisa realizada pelo Centro de Estudos Automotivos (Cesvi), em 2007, mostrou que, com freio comum, a 70 quilômetros por hora, apenas 21% dos motoristas consegue desviar de um obstáculo, enquanto com o ABS o percentual sobe 81%. Além disso, o sistema antibloqueio faz com que o tempo de parada do carro seja menor.
O professor de engenharia mecânica da Unisinos Nederson da Silva Koehler explica que na realidade isso é uma impressão do usuário. "Você aperta o pedal mas como a frenagem não é tão brusca, você tem a impressão de que não está controlando o freio, mas ele já começou a funcionar", diz o engenheiro mecânico, "o carro parece solto, mas no final para antes do que pararia com o outro sistema".
A vantagem, além da eficiência, é que o ABS é mais seguro, pois ao evitar o travamento, diminui também as chances de derrapagem e perda de controle. "Para o motorista, a única diferença entre um e outro é que no caso do ABS sente-se o pedal vibrar, enquanto o freio funciona, mas isso é normal", esclarece Koehler.
Preço do freio ABS ainda assusta os consumidores brasileiros
Apesar do melhor desempenho, o freio ABS ainda não é o mais popular entre motoristas brasileiros. Um dos motivos é que veículos com sistema anti-travamento de fábrica são de R$ 2 a R$ 3 mil mais caros.
O engenheiro mecânico ainda alerta para o fato de que, à parte as pastilhas, a manutenção do sistema eletrônico é mais cara que a do hidráulico. A boa notícia é que, por causa do modelo de controle do bombeamento, os freios ABS têm desgaste menor.
A sugestão é que de quatro em quatro meses, ou ao menos duas vezes por ano, o veículo seja levado ao mecânico de confiança do proprietário para um revisão das condições dos freios.
O tipo de uso que é feito do veículo influencia nesse tempo - carros usados dentro da cidade, onde são comuns semáforos, engarrafamentos e situações em que se freia muito, tendem a gastar as pastilhas mais rapidamente.
Vale lembrar que o freio traseiro, acionado a partir de cabos ligados ao freio de mão, também tem pastilhas que precisam ser trocadas. Esquecer desse detalhe por custar caro, conta o professor Koehler, que passou pela situação. "Fui deixando e as pastilhas desgastaram tanto que o tambor também ficou danificado, tive que trocar tudo, saiu muito mais caro do que sairiam só as pastilhas."
Nederson da Silva Koehler diz que quem não tem freios ABS pode melhorar o desempenho na frenagem usando um mecanismo parecido, só que não automático: pisar e soltar o pedal, várias vezes; o método é mais eficiente que frear de uma uma única vez, segundo o engenheiro, além de mais seguro.
Outra dica do professor é trafegar em velocidade condizente com o tipo de terreno em que se está - mais lentamente em estradas com muitos buracos, ou solos lodosos, por exemplo.
Fonte: Nederson da Silva Koehler, professor do departamento de Engenharia Mecânica